Câncer de próstata em mulheres trans

Mulheres trans podem ter câncer de próstata?

SIM, podem!

É conveniente lembrar que, mesmo ao optar pela cirurgia reconstrutora genital para afirmação de gênero, também chamada de redesignação sexual ou mudança de sexo, as mulheres trans permanecem com a próstata!

Até hoje, foram descritos 10 casos de mulheres trans que desenvolveram câncer de próstata. Todas tinham idade superior a 54 anos, muitas com início de hormonização feminizante após os 40. Algumas eram orquiectomizadas (sem testículos). É interessante notar que muitas apresentaram PSA inicial muito alto ao diagnóstico, a maioria já com metástases (câncer à distância). 

Um estudo retrospectivo publicado em 2014 avaliou mais de 2000 mulheres trans. Revelou uma incidência de câncer de próstata nesta população em 0,04%. É importante salientar que nem todas se submetiam a rastreio regular, então é possivel que alguns casos tenham sido ignorados.

Quando se fala em câncer de próstata em mulheres trans, existe uma variedade de pacientes que podem ter riscos diferentes a depender de algumas condições. São fatores que podem modificar o risco:

– Realização de orquiectomia (retirada dos testículos);

– Uso de medicações que bloqueiam ação da testosterona;

– Uso de estrogênios (hormônios feminizantes).

A ação da testosterona sobre o desenvolvimento do câncer de próstata é largamente estudada. Mais recentemente, aventou-se possível ação dos estrogênios na origem deste câncer, porém há muito a se descobrir. 

Ainda são necessários estudos a respeito de câncer de próstata em mulheres trans, de modo a permitir elaboração de protocolos mais robustos e com melhor evidência para o manejo da doença nesta população.

Rastreio de câncer de próstata em mulheres trans: recomendações atuais

Pela escassez de dados, a recomendação atual é que mulheres trans se submetam a rastreio do câncer de próstata obedecendo às mesmas recomendações dos homens cisgênero. 

Urologistas devem aconselhar suas pacientes trans de que o risco de câncer de próstata é baixo, porém existe. Podemos, assim, decidir de forma compartilhada a respeito de rastreio nas pacientes que o desejam ou naquelas que têm risco aumentado.

Lembrando: a indicação do rastreio é compartilhada entre médico e paciente. A recomendação é dosagem de PSA (exame de sangue) e avaliação por exame físico (toque retal). Quando indicado, recomenda-se o rastreio a partir dos 50 anos para a população geral ou a partir dos 40-45 anos em quem tenha fatores de risco.